quinta-feira, 18 de agosto de 2011

APENAS UMA VEZ

Autor: Rubens Junior | Facebook | Twitter


Existem poucos filmes que, além de serem excelentes atingindo a nota 10 na classificação, ainda surpreendem com algo espetacular. Este filme é um deles. Do início ao fim, as atuações, a direção, as imagens, as músicas, tudo é admirável.

APENAS UMA VEZ (Once) já revela que será um filme diferente desde sua pré produção. O diretor e roteirista John Carney concebeu a idéia deste filme e percebeu que só conseguiria concluí-la da forma que imaginou, se tivesse liberdade total neste projeto, sem intervenções da produtora (o sonho de todo diretor). Ciente que o pedido seria negado imediatamente, ele se reuniu com os chefes da Swen Filmes e solicitou o orçamento mais baixo disponível para produzir seu filme. Explicou que o fator principal do filme não seriam os efeitos especiais, nem o figurino, nem a super qualidade da imagem, nem nenhum outro fator que encarece as produções. O fator principal do seu filme seria a profundidade da história. E, para poder contá-la de forma perfeita para o público, ele precisaria de concentração e autonomia total neste projeto. Sendo assim, com um orçamento mínimo, os chefes da produtora não teriam a preocupação de fiscalizar o trabalho e exigir prazos, já que o mínimo arrecadado com o filme já cobriria os baixos custos, e aprovaram de cara a produção.




A partir daí, Carney começou a revelar outras peculiaridades da produção. A bela história seria baseada entre um músico e uma vendedora, ambos ambulantes de rua. Porém, como precisava que as atuações fossem deveras convincente (já que não haveria outros detalhes no filme que disfarçariam as atuações), Carney chegou a óbvia conclusão de que seria mais fácil ensinar um músico a atuar, do que um ator a cantar e tocar. Principalmente porque um músico já trabalha com expressão de sentimentos em sua profissão. Então Carney contratou como ator principal para seu filme o vocalista Glen Hansard, de uma banda que o próprio Carney já havia sido baterista. E, para protagonizar a outra personagem, Glen indicou a pianista Markéta Irglová, sua antiga amiga. Observando tudo isso, parece uma produção "amadora". Mas, na verdade, se todos os filmes fossem feitos assim, seria difícil achar filmes ruins na locadora. Pois, quem melhor para representar um casal em um filme do que dois amigos, e quem melhor para representar músicos do que os próprios músicos?

Com estes ingredientes e inspiração da pequena equipe, o filme realmente surpreendeu. A história é muito comovente, ao mesmo tempo que não é melancólica. As atuações são perfeitas, sem os famosos "exageros" de expressões dos atores convencionais. Isto, somado ao fato de que quase tudo foi filmado manualmente, o filme passa a incrível impressão de que é uma história real, sendo filmada por pessoas que acompanharam tudo ao vivo.

Realmente não há nada neste filme que eu acrescentaria ou melhoraria. O que mais me impressionou é que, embora seja uma história que tenha um casal como protagonista, o foco da história não é o relacionamento entre este casal. O foco da história é a busca por acertar as coisas, não deixar o inacabado para trás, voltar, consertar o que foi despedaçado e, a partir daí, começar uma nova vida. Este foco é impressionante e, por causa dele, este filme está sendo indicado aqui, em uma mídia cristã. Muito do que é pregado hoje em dia se resume a abandonarmos o que passou e prosseguirmos adiante. Mas, na maioria das vezes, as pessoas não conseguem seguir adiante pois ainda existem situações a serem resolvidas. Dívidas, perdão, reconciliação... tudo que foi deixado para trás só fica no passado quando não existe a possibilidade de cobrança. Não é a toa que, para que houvesse a oportunidade de salvação, Jesus Cristo precisou pagar um alto preço por algo que foi feito por Adão e Eva, a anos atrás. Esta é uma excelente lição de vida, que todos precisamos aprender, e este filme é um ótimo exemplo desta lição. Este filme arrecadou muito mais dinheiro do que os produtores esperavam, seu sucesso surpreendeu até o diretor John Carney e músicos/atores Glen e Markéta ganharam o Oscar por melhor canção. O orçamento total do filme de 2007 foi de $150 mil, filmado em apenas 17 dias, e arrecadou mais de $20 milhões em todo mundo. Sua adaptação para o teatro musical já está em produção. Assista, aprenda e indique este filme.

Só para fechar com chave de ouro esta pequena matéria, segue abaixo video com apresentação de uma das melhores músicas do filme "When Your Mind's Made Up":


3 comentários:

  1. Minha amiga Silvia Vitória comentou este filme no meu facebook:

    O "Once" é um filme muito gostoso e leve, ou antes: é um filme que mostra como a relação entre as pessoas pode ser gostosa e leve, demonstrando como esse tipo de relação pode ser salutar e produtiva.

    E mais: por se basear apenas na sinceridade de propósitos, sem interesses egóicos, o filme demonstra que esse movimento de ir em direção ao outro é absurdamente simples e eficaz, a ponto do outro poder ser qualquer pessoa – mesmo aquelas que só encontraremos apenas uma vez na vida...

    E se essa não é uma boa (ou a melhor!) leitura de tudo que o Criador quis nos passar eu, sinceramente, não sei qual é e, se bobear, nem estou interessada em saber...

    VALEU, Junior!
    Silvia Vitória

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