sábado, 21 de abril de 2012

JOGO DE ESPIÕES (2002)

Autor: Rubens Junior | Facebook | Twitter


Direção: Tony Scott
Roteiro: Michael Frost Beckner e David Arata
Elenco: Robert Redford, Brad Pitt, Catherine McCormack, Stephen Dillane, Marianne Jean-Baptiste, Larry Bryggman, Todd Boyce.

Você curte o seriado "The Mentalist" (O Mentalista)? Se não curte, você vai odiar este filme. Pois, ao contrário do que o nome sugere, Jogo de Espiões não apresenta a ação e a dinâmica dos tradicionais filmes de James Bond, Jason Bourne, Missão Impossível, entre diversos outros. Este filme se contém em focar as minúncias psicológicas, os pequenos gestos e palavras, entre intrigas políticas de "verdadeiros espiões". Há uma fala interessante no filme que o define bem: "A tecnologia avança a cada dia (o que é ótimo). Mas, neste ramo, nós só precisamos de um chiclete e um sorriso para executarmos nosso serviço."

Sem revelar a trama do filme (para não estragar as surpresas), o roteiro envolve um agente secreto da CIA (Robert Redford como Nathan Muir) treinando um talentoso recruta (Brad Pitt como Tom Bishop). E, durante este treinamento, é possível extrair diversas lições muito úteis para o próprio estilo de vida cristã, como:

  • Confiar, a ponto de obedecer sem perguntar.
  • Nenhum trabalho é digno se a ética não for correta.
  • Sempre, em todos os momentos, estar atento a tudo ao redor. Pois estamos em guerra constante, e prevalece quem está um passo a frente.
  • Entre muitas outras...


Mas, dentre todas as ótimas sacadas do filme, há uma situação específica que, inclusive, foi ela que me levou a indicar este filme aqui, acima de todas as outras:

Logo que Nathan descobre que Tom tem um baita talento para a espionagem (inteligência, charme, habilidades físicas e psicológicas, e acima de tudo, prazer por ação), a atitude dele não foi contrata-lo. Pelo contrário, foi transferi-lo para um local onde não havia ação nenhuma, não havia dinâmica, nenhum treinamento, não havia nada. Apenas um posto oficial de precaução num local pacífico, onde tudo era calmo, com poucos funcionários apenas para arquivar pequenos relatórios diários. Tom vivia o próprio tédio neste posto, e Nathan o deixou lá por 1 ano, na "geladeira"!


A primeira vez que vi este filme, eu não entendi. Não fazia sentido. Primeiro pois é a situação específica onde identificamos "talento mau utilizado". E, segundo, é a típica situação em que entedia o próprio filme. Onde o público esperava ação, o ator principal, o galã, o "espião" fica enclausurado como um guardinha comum. Alí mesmo eu comecei a achar que o filme seria ruim.

Até que, logo em seguida, Nathan explica o porque disso: Após este 1 ano de tédio, Tom, que já era propício à ação, estava completamente faminto por viver algo ativo, e se entregou completamente ao treinamento, executando cada etapa do processo e das missões com verdadeira paixão e entusiasmo. Após 1 ano estático que parecia perdido mau aproveitado, Nathan conseguiu extrair o melhor de Tom durante longos anos, com um sucesso que poucos alcançariam.

Nunca mais esqueci disso, e é isso que mais me faz lembrar deste filme.


Muitas vezes, é exatamente o método que Deus utiliza conosco. As vezes oramos, clamamos, suplicamos, e não entendemos por que, algumas vezes, nossa vida parece não sair do lugar. Acreditem ou não, Deus espera de nós muito mais do que sermos bonzinhos e sem pecado. Nós estamos em plena guerra neste mundo, e Deus espera que nós entremos em terreno de ação e salvemos muitas vidas das mentiras que estão vivendo. Mas, para isso, é necessário um treinamento que nos ensine a fazer isso. Durante o treinamento há muito tédio, muitas perdas, muitas frustrações, pois Deus vai  nos conduzindo de acordo com propósitos muito maiores do que apenas ter um bom emprego, um cônjuge, um carro e uma casa. Ele nos conduz para esta guerra. E, enquanto não estamos prontos (embora achemos que estamos), Ele não nos joga no meio do tiroteio.

É muito bom estar ciente disso pois, quando nos encontramos nestas situações de tédio, estáticas, onde nada parece evoluir, nos atentamos para o trabalho de Deus em nossa vida, e avaliamos o que é preciso mudar dentro de nós, para que "passemos de fase" no nosso crescimento espiritual.

A ação deste filme não é muito visual (embora tenha). É mais auditiva e psicológica. Ao invés de muitos tiros e explosões, há muita conversa e muitos mínimos detalhes para se prestar atenção. Eu mesmo só percebi a maioria dos detalhes a partir da segunda vez que assisti (já assisti umas 5 vezes). Isso quer dizer que, se você parar para assistir a noite, após um dia longo de trabalho, você vai cair no sono na certa, nos primeiros 15 minutos. Assista quando estiver bem disposto, bem atento, pois irá tirar muito proveito deste entretenimento. Com dois galãs de alto nível e um um romance bem interessante no roteiro, as mulheres irão adorar também. E, como em todo filme de Tony Scott, o final é ótimo.

Esta é a capa brasileira, como você encontrará na loja.

Incrível a semelhança dos dois atores, na mesma idade.

LEIA ABAIXO APÓS ASSISTIR O FILME

Um dos grandes aspectos do final deste filme, a grande sacada do roteiro, foi que Nathan abdicou de todos os ensinamentos que ele mesmo ensinou para Bishop, para poder salva-lo. Ele passou o filme inteiro ensinando Bishop:
  • a não agir por emoção, e sim por logística, em prol do bem maior, apesar das prováveis baixas e perdas que ocorrem durante o ofício da profissão;
  • a estar ciente de que, caso um dia fosse pego, capturado, não revelar seus segredos mesmo sabendo que não haveria resgate para ele, pois um agente pego, e um agente morto;
  • e, acima de tudo, a nunca, jamais, em hipótese alguma abrir mão de suas economias pessoais, e só usufruir delas quando estiver aposentado.


Todos estes ensinamentos eram não só ensinados, mais muito bem aplicados por Nathan, que sempre foi frio como gelo e firme como uma rocha, durante todo o filme. Bishop tinha o coração mais mole, era mais emotivo e não conseguia aceitar estes padrões, e acabou deixando de trabalhar com Nathan. Mas, para salvar Bishop, Nathan agiu por emoção, resgatou um agente capturado contra as regras da agência e, para fazer isso, abriu mão de todas as suas economias de vida, no dia de sua aposentadoria. No final do filme, percebemos que Nathan é quem foi o verdadeiro aprendiz, e Bishop o mestre.

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