No ápice do inverno chileno, lá estavámos nós. Fomos com uma equipe relativamente grande (13 pessoas) com um propósito de ajudar e abençoar com nossos talentos profissionais (área da saúde e música), e com nosso amor Cristão. Nos deslocando para o Sul do Pais até Duao e Iloca, duas pequenas cidades costeras que foram duramente assoladas pelo terremoto e tsunami em fevereiro de 2010.
Nos instalamos e rapidamente saimos para a rua convidando os moradores para estarem conosco no final da tarde em uma breve reunião. Na reunião, éramos cerca de 50 pessoas no total e ficamos felizes com a presenca de todos. Apresentamos algumas músicas típicas brasileiras e repartimos uma breve mensagem de amor e esperança. Dividimos o grupo em dois, homens e mulheres, e conversamos sobre assuntos relacionado ao ocorrido em fevereiro, questionando como poderíamos contribuir. Foi aí que conhecemos e fomos constrangidos com a história de um homem.
Na madrugada em que aconteceu o terremoto e tsunami, quem conseguiu fugir foi para o alto de uma montanha próxima à Cidade. Infelizmente, nem todos tiveram condições de escapar rapidamente da força das águas, que realmente devastaram a pequena cidade. Sem conseguir dormir pela apreensão e susto, ao amanhecer, os moradores avistavam a cidade fazendo extensão do mar, por pelo menos 2 metros de altura das águas. Essa situação catastrófica era agravada com a falta de comida, bebida, higiene pessoal, roupas secas para trocar, blusas de frio, comunicação com alguma rede social; enfim a cada minuto a impressão da realidade era pior.
Na manhã do segundo dia, no alto da montanha, as águas baixaram relativamente bastante mostrando todo estrago da fúria do mar. A maioria não tinham coragem e forças pra descer e verificar o que sobrara. Então, um homem simples, dono de uma pequena panificadora, desceu pra verificar seu comércio e casa. Para sua surpresa, seu forno estava funcionando e seus ingredientes estavam preservados, pois estavam em lugares altos na padaria. Ele não pensou duas vezes e, com todo sua força e rapidez, comecou a fazer todos os pães que pudia. E, ao momento que iam ficando prontos, levava rapidamente para cima da montanha para alimentar a multidão. Fez isso até o final de seus recursos. Alimentou em um dia a grande multidao em cima da montanha.
Tive a oportunidade e privilégio de estar na casa e na padaria desse homem. E vi ali as marcas da destruição nas paredes rachadas e com manchas de lama. Mas vi também e mais ainda a nobreza e simplicidade daquele homem. Algo que nunca tinha visto antes tão de perto. Senti um espirito de generosidade e entrega. Através de poucas palavras e muito coração, fomos abençoados pela história desse grande "missionário não cristão".
Aprendemos que precisamos ser mais seres humanos ao invés de individualistas humanos. Não imagino como seria minha reação, se estivesse na pele daquele povo naquela situação, mas gostaria de ter um pouco do espírito nobre e amável desse simples homem. Quando me pego egoísta e ingrato no meu dia-a-dia, me lembro desse homem e volto a refletir sobre no que estou me tornando nesse sistema consumista e cego.
Carecemos de bons exemplos nos dias de hoje, mas não duvide que, nas muitas montanhas e dificuldades que nós enfrentamos na vida, podemos nos tornar pessoas melhores e mais generosas como aquele simples homem. Menos apegados a nossas coisas falíveis e mais apegados as pessoas eternas.
Subamos as montanhas com valentia e tornemo-nos mais seres humanos.
Matheus Ortega e Elmo Rodrigues |
Muito legal a história desse cara, muito mesmo. Valeu por compartilhar Elmão!
ResponderExcluirMuito bom texto e mensagem. Abraços Elmão!!!
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